O cinema paraibano conquistou um novo território. Pela primeira vez, a cidade de Paulista, no interior da Paraíba, sediou a VII Mostra Paraíba na Tela, evento que colocou a produção audiovisual local em destaque nos dias 19 e 20 de setembro.
A Quadra Central da cidade se transformou em sala de cinema a céu aberto, recebendo o público a partir das 19h.
Com entrada franca, o evento aproximou o público local das produções realizadas em diversas regiões do estado.
Seis filmes revelam a capilaridade do cinema paraibano
A programação da mostra reuniu seis filmes que retrataram diferentes aspectos da cultura e realidade paraibana.
As produções vieram de cidades como Campina Grande, Nazarezinho, Pilar, Baía da Traição e Aparecida, demonstrando a capilaridade da produção audiovisual no estado.
Também foram exibidas produções audiovisuais locais, como o curta-metragem documental “Calon: vozes ciganas”, de Saulo Barbosa.
“Babau – O Sanfoneiro Sonhador”, dirigido por Carlos Mosca, de Campina Grande, explorou a rica tradição musical nordestina através da figura emblemática do sanfoneiro. O filme foi um dos destaques da programação.
De Nazarezinho, “Tempo de Vaqueiro”, sob direção de Ramon Batista, abordou uma das mais autênticas manifestações culturais do sertão paraibano. “Zé Lins e o Cangaceiro”, de Eduardo P. Moreira (Pilar), revisitou a história do cangaço sob nova perspectiva.
Representatividade indígena e diversidade temática
A mostra ouviu a população indígena paraibana com “Ixé Iandé”, dirigido por Gustavo Gomes, de Baía da Traição. O filme representou um importante registro da cultura e tradições dos povos originários do litoral paraibano.
“A Menina que Amava Gatos”, de Maria Tereza Azevedo (Aparecida), trouxe o cinema de animação produzido no alto sertão paraibano.
“Batalha das Quebradas”, co-dirigido por Marcele Saraiva e João Paulo Lima (Campina Grande), explorou as manifestações culturais urbanas, completando o diversificado repertório.
Formação prática complementou as exibições
A programação incluiu uma oficina de audiovisual em pequenos formatos realizada no dia 18 de setembro, a partir das 18h, na EMEF Cândido de Assis Queiroga.
A atividade abordou desde roteiro até direção, passando por fotografia e preparação de elenco.
O diferencial esteve na proposta prática: os participantes produziram um curta-metragem que foi exibido durante a mostra.
Com vagas limitadas e direcionada para pessoas a partir de 14 anos, a oficina representou uma oportunidade única de formação audiovisual no interior do estado.
Parceria institucional sustentou o projeto
A realização da VII Mostra Paraíba na Tela em Paulista foi fruto de articulação entre diversos atores.
O Coletivo Atuador e a Imbuia Filmes lideraram a organização, com apoio do edital de Concessão de Fomento às Mostras e Festivais de Audiovisual na Paraíba. A produção local ficou com Cleyson Gomes, cineasta paulistense.
O financiamento veio da CAGEPA e da Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba (SECULT/PB). A parceria com a Prefeitura Municipal de Paulista garantiu o apoio logístico local.
A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) integrou o projeto através do Projeto de Extensão “Interiorização do cinema na Paraíba e o Coletivo Atuador”, aprovado pelo Edital USNM.
Cinema como ferramenta de desenvolvimento cultural
Agora, Paulista entrou na rota dos festivais de audiovisual da Paraíba. Tradicionalmente concentradas na capital e em Campina Grande, as iniciativas audiovisuais ganharam capilaridade ao alcançar cidades menores.
O evento criou oportunidades para que o público do interior tivesse contato direto com produções locais. Simultaneamente, ofereceu visibilidade para cineastas de diferentes regiões do estado.
A gratuidade do evento removeu barreiras econômicas que frequentemente limitam o acesso à cultura. Em uma cidade de pequeno porte como Paulista, isso representou democratização efetiva do acesso ao audiovisual.
Legado para o audiovisual sertanejo
A realização da VII Mostra Paraíba na Tela em Paulista demonstrou a vitalidade da produção audiovisual paraibana.
A diversidade de origens geográficas dos filmes selecionados indicou uma rede de produção consolidada e em expansão.
Com a integração entre exibição e formação, através da oficina, revelou preocupação com a continuidade do movimento. Formar novos realizadores no interior amplia a base produtiva do estado.
O cinema paraibano conquistou novos territórios e audiências, fortalecendo sua identidade e relevância cultural no cenário audiovisual brasileiro.


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