Sousa se prepara para viver intensamente o cinema da Paraíba.
De 16 a 26 de setembro, o Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) sedia a IX Mostra BNB do Cinema Paraibano – Edição Lúcio César, com uma programação que reúne exibições de filmes, debates, palestras e oficinas.
Mais do que um evento, a mostra se consolida como espaço de reflexão e resistência, abrindo palco para diferentes gerações de realizadores e destacando a memória de nomes fundamentais do audiovisual paraibano.
Lúcio César: homenageado da edição
A edição leva o nome de Lúcio César Fernandes, diretor, músico e professor que construiu uma trajetória marcada pelo compromisso com a cultura popular e a formação de jovens cineastas.
Autor de curtas como Faixa de Gaza e Essência, Lúcio se tornou uma das vozes mais representativas do cinema independente da Paraíba, unindo ritmo, crítica e experimentação.
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A homenagem da Mostra sublinha a relevância de seu trabalho e reafirma sua contribuição para a consolidação de um olhar singular sobre o sertão.
O espaço da mostra: CCBNB Sousa
Inaugurado em 2007, o Centro Cultural Banco do Nordeste – Sousa ocupa três pavimentos dedicados à arte, à pesquisa e ao diálogo entre diferentes expressões culturais.
Localizado no coração do Alto Sertão paraibano, o CCBNB é referência regional, oferecendo programação regular que valoriza artistas locais e promove intercâmbio cultural.
É nesse espaço que a mostra encontra terreno fértil para reunir realizadores, pesquisadores e o público em uma experiência de imersão no cinema paraibano.
Debates e temas centrais
A programação não se limita às exibições. Os debates trazem para o centro da cena questões que atravessam o audiovisual brasileiro:
- o legado de Linduarte Noronha, um dos pais do Cinema Novo, estudado pelo pesquisador Lúcio Vilar;
- o sertão como narrativa cinematográfica, discutido por realizadores como Janduy Acendino, Priscila Tavares e Didier Junior;
- o cinema negro paraibano, com a presença da diretora Antônia Ágape;
- as narrativas femininas emergentes em Aparecida, debatidas por Heloísa Helena e Maria Tereza Azevedo;
- e ainda o olhar feminino negro no audiovisual, reunindo Valtyennya Pires, Andryele Araújo e Mayara Valentin.
Outro ponto de destaque é o diálogo internacional, com Mayara Valentin e Caetano Moura compartilhando suas experiências como jovens diretores paraibanos que exibiram seus trabalhos em Paris.
Programação em destaque
18 de setembro – O legado de Linduarte Noronha
- 13h30 – Palestra “Linduarte Noronha: Crítica de cinema e Aruanda: silenciamento no pós-64”, com Prof. Dr. Lúcio Vilar (João Pessoa).
- 16h – Encontro “Luz, Cinefilia e Crítica – A memória de Linduarte Noronha”, também com Lúcio Vilar, na Biblioteca Inspiração Nordestina.
23 de setembro – O sertão em foco
- 15h – Exibições: Cajazeiras Sitiada (Janduy Acendino), Filhos do Caos (Didier Junior) e Luciá (Priscila Tavares).
- 16h30 – Bate-papo “O sertão no olhar dos realizadores”, com mediação de Rafaella Lopes.
24 de setembro – Novas narrativas
- 14h30 – As Cegas (Antônia Ágape), seguido de debate sobre cinema negro paraibano, mediado por Carine Fiuza.
- 19h – Sessão dupla: Amores que moram no tempo (Heloísa Helena) e A menina que amava gatos (Maria Tereza Azevedo).
- 19h30 – Conversa “Narrativas femininas – o cinema que nasce em Aparecida”, mediada por Veruza Guedes.
25 de setembro – Identidade e intercâmbio
- 14h – Exibição de Céu (Valtyennya Pires).
- 14h30 – Bate-papo “Luz, câmera, identidade: olhar feminino negro no audiovisual”, com Valtyennya Pires, Andryele Araújo e Mayara Valentin.
- 15h30 – Debate “Da Paraíba a Paris – experiência de jovens diretores na França”, com Mayara Valentin e Caetano Moura, mediação de Sérgio Silveira.
26 de setembro – No ritmo da resistência
- 19h – Sessões: Faixa de Gaza (Lúcio César), Nos Trilhos da Estação (Ênio Marques) e Essência (Leal Arruda e Lúcio César Fernandes).
- 20h – Homenagem a Lúcio César Fernandes, destacando “cultura, ritmo e resistência”.
Memória e renovação
A programação também revisita a obra de Linduarte Noronha, pioneiro do cinema paraibano, autor de Aruanda (1960) — filme considerado marco do Cinema Novo no Brasil.
O diálogo entre sua trajetória e as produções contemporâneas reforça a Mostra como espaço de memória e inovação.
Ao mesmo tempo, temas como o cinema negro, as narrativas femininas e o olhar sertanejo evidenciam a diversidade e a força de novas vozes no audiovisual da Paraíba.
O que esperar desta mostra do Cinema Paraibano
A IX Mostra BNB do Cinema Paraibano – Edição Lúcio César confirma Sousa como epicentro de um cinema que pulsa no sertão.
Entre a homenagem a mestres como Linduarte Noronha e Lúcio César e a afirmação de jovens realizadores, o evento mostra que a produção audiovisual da Paraíba é múltipla, criativa e resistente.
O público tem, diante de si, uma oportunidade rara: acompanhar de perto um cinema que nasce do território e se projeta para o mundo.


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