11º Nostal Rock: A Resistência do Rock Nacional no Sertão da Paraíba

3–4 minutos

O Nostal Rock em Cajazeiras celebra a resistência do rock nacional e promove identidade cultural, reunindo talentos regionais em sua 11ª edição.

Cartaz do 11º Nostal Rock acontece que em Cajazeiras

Crédito da foto: divulgação

O rock brasileiro encontra refúgio no sertão paraibano. Neste sábado, 13 de setembro, Cajazeiras recebe o 11ª edição do Nostal Rock, evento que há mais de uma década mantém viva a chama do rock nacional no interior nordestino.

A partir das 21h, o Barão Eventos e Produções recebe três atrações que representam a diversidade e resistência do movimento roqueiro regional: Conexão Rock Retrô, Mário Filho e OTruque.

Um Festival que Resiste ao Tempo

Em tempos de domínio digital e playlists algorítmicas, o Nostal Rock representa algo raro: a celebração presencial da música autoral brasileira.

O evento, que chega à sua décima primeira edição, conquistou espaço no calendário cultural cajazeirense através da consistência e qualidade de sua programação.

O festival acontece na Avenida Barão do Rio Branco, no centro da cidade, democratizando o acesso à música de qualidade.

Com apoio do FUMINC 2025 (Fundo Municipal de Incentivo à Cultura), o evento demonstra como políticas públicas podem fomentar a produção cultural local.

Confira mais detalhes sobre as bandas:

Conexão Retrô: O Resgate das Décadas Douradas

A principal atração da noite é a Banda Conexão Retrô, projeto nascido em 2020 que deriva da iniciativa “Outros Caras”.

O quinteto cajazeirense, formado por Murilo Silva (vocal), Wanderley Duarte (guitarra), Wendel Pires (guitarra), Jonabio Barros (baixo) e Felipe Saraiva (bateria), dedica-se ao resgate do rock nacional dos anos 80 e 90.

“A princípio levamos como hobby, não tínhamos pretensão financeira, a gente queria fazer o que gosta e mostrar o nosso trabalho”, revela Wendel Pires, guitarrista do grupo.

O repertório passeia por clássicos de Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana e Paralamas do Sucesso. Bandas que marcaram gerações e continuam encontrando eco em plateias contemporâneas.

A trajetória da Conexão Retrô exemplifica como a música pode crescer organicamente. Iniciando em encontros de motoclubes e carros antigos, o grupo conquistou público através da autenticidade e paixão pela música.

Mário Filho: A Experiência da Tradição

O veterano Mário Filho, natural de São João do Rio do Peixe, representa a memória viva da música paraibana. Ex-integrante da Banda Tocaia da Paraíba, o músico participou de diversos projetos culturais regionais.

Seu currículo inclui participações no histórico MPB-SESC, festival que marcou época na região. Em 1999, defendeu como intérprete “Ode a Ira”, de Gilberto Álvares, música cuja letra foi adaptada a partir de artigo do poeta Irismar di Lyra.

A presença de Mário Filho no Nostal Rock conecta gerações. Seus 30 anos de carreira oferecem perspectiva histórica sobre a evolução da música regional.

OTruque: A Diversidade Musical Cearense

Completando o cartaz, a banda cearense OTruque traz versatilidade ao festival. Formada em 26 de julho de 2020, em Orós/CE, o quinteto transita entre rock nacional e internacional, MPB, reggae e sertanejo.

Essa abordagem eclética reflete uma tendência contemporânea: bandas que não se limitam a um único gênero musical. A estratégia permite alcançar públicos diversos e mantém a produção musical dinâmica.

O objetivo declarado da OTruque é “fomentar a cultura local de sua cidade e região”, filosofia que se alinha perfeitamente com a proposta do Nostal Rock.

O Significado Cultural do Nostal Rock

O festival representa mais que entretenimento. É afirmação de identidade cultural e resistência à homogeneização musical.

Em época de algoritmos e trends virais, eventos presenciais ganham importância renovada.

O Nostal Rock cria ambiente para descoberta musical orgânica. Público e artistas compartilham experiências sem intermediação digital, fenômeno cada vez mais raro na contemporaneidade.

A longevidade do evento – onze edições – comprova sua relevância para a comunidade cajazeirense. Festivais duradouros não sobrevivem apenas por nostalgia, mas por capacidade de renovação constante.

O Rock Como Patrimônio Cultural

O 11º Nostal Rock acontece em momento crucial para a música brasileira. Plataformas digitais democratizaram a produção, mas diluíram a experiência coletiva da música.

Eventos como este restauram a dimensão comunitária da cultura. Cajazeiras, cidade de 60 mil habitantes no sertão paraibano, prova que geografia não limita ambições culturais.

O rock nacional, gênero que moldou gerações de brasileiros, encontra no interior nordestino guardião dedicado. O Nostal Rock não apenas celebra o passado, mas planta sementes para o futuro da música regional.

A resistência cultural acontece uma apresentação por vez, um festival por edição. No sábado, às 21h, Cajazeiras novamente se torna palco dessa bela teimosia musical.

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